Max Fos
A cuidadora saiu da sala por um instante, e eu continuei ali, imóvel diante da grande janela de vidro que separava as duas alas dos menores. Era como se o tempo tivesse parado.
A menininha estava sentada no tapete, de costas para mim, com um bebê deitado no colo. Seu corpo miúdo sustentava o pequenino com um cuidado surpreendente. A cada movimento, ela ajeitava o travesseirinho, conferia se a mamadeira estava firme e acariciava os cabelos finos com uma delicadeza que apertou meu coração.
Foi então que percebi: ela tinha um aparelho na perna direita. Um suporte metálico que subia até a metade da panturrilha, parcialmente escondido pelo vestido surrado. Minha garganta se fechou. Era como se uma peça do quebra-cabeça finalmente se encaixasse.
Ela se levantou com cuidado, apoiando-se em uma das cadeiras ao lado. O jeito como mancava levemente até o berço mais próximo era sutil, mas claro.
Quando ela se virou — meu mundo parou.
A luz fluorescente iluminou seu rosto com doçura, reve