Vitória Matarazzo
Eu fiquei em silêncio, parada alguns passos atrás, um observadora invisível daquele quadro tão terno quanto complexo.
Pedro, apoiado nas muletas, o corpo inclinado em um equilíbrio precário, transformava a única mão livre em um instrumento de pura ternura ao acariciar os cabelos da Marcelina. A forma calma e convicta como ele falava com a menina… não havia sombra de dúvida de que ele acreditava em cada palavra que dizia.
— Princesa, ouve o tio — ele sussurrava, a voz um pouco rouca. — Aquele menino estava errado. As únicas opiniões que importam são das pessoas que te amam. E nós te amamos mais que tudo nesse mundo, entendeu? Mais que tudo.
Eu senti um nó na garganta. Não era só o jeito protetor ou o sorriso doce, mesmo em meio às lágrimas da pequena. Era a firmeza com que ele defendia o que amava, a segurança que transmitia, e aquela sensibilidade rara em um homem que já tinha vivido tanta coisa difícil.
O Pablo estava ali, claro, sendo o pai incrível que todo mundo