Mavie Barcella
A raiva ainda queimava dentro de mim, como quando a gente fica no sol muito tempo sem chapéu e parece que a cabeça vai explodir. Eu via a carinha da Marcelina, toda molhada de lágrima, e sentia o coração bater “tum-tum-tum” forte, como se fosse um tambor de guerra. Eu sabia que a gente não podia deixar aquilo passar.
O menino tinha sido cruel, cruel de verdade. Ele não só empurrou a Marcelina, mas também falou aquelas coisas horríveis, dizendo que ela ia para o inferno. Como alguém podia ser tão maldoso? A Marcelina acreditou na hora. E agora estava ali, agarrada no pescoço do pai dela, gritando entre soluços que não queria ir pro inferno, que não queria sumir pra sempre.
A cena parecia um redemoinho. Todo mundo em volta dela tentava ajudar.
A tia Vitória falava rápido, quase se atropelando nas palavras:
— Isso é mentira, Marcelina, mentira!
A mamãe fazia carinho na cabeça dela, repetindo:
— Calma, Princesa
A vovó esta indignada com a situação e falando para o vovô.