William Rodrigues
O silêncio no quarto era sufocante. Ao abrir a porta, meu coração parou por um segundo. Priscila estava encolhida na cama, abraçando os próprios joelhos, o corpo tremendo como se tentasse resistir a um frio que vinha de dentro. Nunca a vi assim. Nunca. O medo em seu olhar era um grito mudo, algo tão avassalador que quase me fez recuar.— Meu amor... — chamei, minha voz saindo trêmula.Ela virou o rosto para o lado, evitando me olhar. Sua voz veio baixa, arranhada pelo desespero.— Eu quero ficar sozinha...— Você não está sozinha, Priscila. — Sentei-me ao lado dela, minha mão tocando seus cabelos com uma suavidade quase reverente. — Você tem uma família agora. Não precisa carregar isso sozinha.Ela soltou uma risada amarga, que morreu antes mesmo de se formar. Seus olhos, úmidos e vazios, se perderam no teto.— Ele devia estar morto... Esse homem... Ele devia estar morto.— Ele não vai te machucar — afi