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A Mansão estava em completo silêncio. Já estava quase dando meia noite e todos ali já e em suas camas, até mesmo o cozinheiro chefe. Ao lado de fora estavam apenas os seguranças.

Era o momento que Alice mais gostava de sair. Ninguém podia incomodar e ela ficava até tarde deitada no banco do jardim vendo o luar.

Mas aquela noite foi diferente. Ela estava sem sono, o que quase nunca acontecia, e também estava com muita fome.

Ela andou pelos corredores, das pontas dos pés para não acordar ninguém, principalmente Telma, que iria fazê-la voltar para a cama rapidinho caso a visse perambulando por aí.

Sanduíche de atum era sua comida preferida à noite. E aproveitando que estava sozinha. Decidiu fazer dois e ir para o lado de fora, sentir a brisa do anoitecer.

Os sapos e grilos cantavam a todo redor. Mas isso não a incomodava, essa era a rotina de todo o anoitecer na fazenda onde tinha ainda mais bichos

Estava uma noite fria e seu fino casaco quase não a esquentava. Decidida a não ficar ali por muito tempo, dando uma generosa mordida em seu lanche, aproveitando cada mastigada.

"Isso está muito bom, está bom demais. " Ela falou enquanto mordia com mais vontade.

Um pouco acima, já no terceiro andar. Daniel estava sentado na varanda aproveitando um delicioso vinho, da safra especial de sua própria plantação. Como um bom amante de vinho, ele gostava de passar momentos sozinhos, lendo um bom livro e alguns queijos como petiscos.

Não era a primeira vez que ele via alguém sentado à noite naquele banco. Ele já observava a algumas semanas que todos os dias uma mulher fazia a mesma coisa. Sentava ali, após um tempo deitava e apontava para o céu. Sempre vestida com uma roupa branca e com meia aos pés.

Mas agora Daniel sabia exatamente de quem se tratava. Era a pequena Alice, ele a reconheceu através da sua estatura corporal. Era inegável que era ela.

Ele a observou em silêncio, enquanto ela comia com vontade aquele sanduíche. Daniel sentiu vontade de descer e fazer companhia. Já que estava se sentindo sozinho, assim como ele imaginou que ela estaria.

"Não posso descer. Isso pode ser estranho e eu tenho que permanecer com uma certa distância. Não quero assustá-la. " Daniel suspirou.

A um bom tempo que ele já se sentia sozinho e vulnerável, após tantos anos sem uma mulher ao seu lado. Mas infelizmente suas pretendentes nunca pareciam interessantes o bastante para o fazer mudar de ideia e se casar novamente.

Todas pareciam interesseiras e egoístas, não mostrando verdadeiros sentimentos. E isso era um problema para Daniel, já que sua fortuna estava avaliada em muitos bilhões. Ele ainda era jovem e não queria deixar de herança para quem não merecia.

Mas algo naquela manhã mudou. Pela primeira vez uma jovem chamou sua atenção. Ela parecia assustada e muito tímida, isso fez com que algo dentro dele despertasse.

Daniel no momento que a viu tão assustada, sentiu vontade de abraçar e dizer que estava tudo bem. Mas toda aquela reação era culpa dele mesmo, já que deu todas as ordens possíveis para Telma espantar as empregadas em sua volta.

Já que muitas entravam como faxineiras apenas para se aproximar. Como muitas vezes isso aconteceu, ele sentia medo e até repulsa por elas.

Mas com Alice foi diferente. Os olhos da pequena mulher despertavam algo como ingenuidade. E ele gostava disso, já que era o mesmo olhar que sua falecida mulher fazia, e foi o que fez ele se apaixonar.

Lá embaixo, Alice terminava o seu segundo sanduíche. Estava muito cheia e um pouco arrependida por comer tanto. Seus planos era voltar para aquele quarto e tentar dormir, mas era impossível com a barriga tão cheia. Provavelmente teria pesadelos caso conseguisse realmente dormir.

Assim como de costume ela se deitou e olhou para as estrelas. Geralmente ela fazia isso inventando alguma história em sua cabeça, já que sua imaginação fluía, principalmente quando ela queria esquecer alguma coisa.

Mas aquela noite não tinha nada do que esquecer, apenas lembrar. O quão gentil era aquele homem e o quanto era sozinho. Alice pensou sobre o quanto ele tinha e a sua decisão de não casar novamente.

"Isso é um desperdício. Ele é tão jovem e tão bonito. E tem tanto dinheiro. " Ela pensava. "Talvez se eu tivesse pelo menos 10% do que ele tem. Meus pais não estavam passando por tudo isso e eu estava seguindo o meu sonho. Como a vida é injusta. "

Alice não ignorou o fato de que ele foi gentil com ela. E pensava aquilo a todo momento..

"A forma com que ele me olhava. Algo me diz que eu chamei sua atenção. Mas eu se… E se não for? Se ele realmente fosse apenas uma pessoa boa em me ajudar. " Ela ainda pensava, e sua mente estava cada vez mais querendo entrar em um grande colapso.

"Bom… já pensei tanto em querer me casar com alguém com dinheiro. Certamente meus problemas acabariam. E se eu ? Se eu tentasse me aproximar E… " Ela balançou a cabeça na expectativa de parar de pensar.

"Eu não posso pensar assim. Eu deveria ir atrás de conseguir tudo por mim mesmo. " Ela dizia com expectativa. "Mas e se assim for mais fácil? Que dizer. Eu não tenho nada de especial, mas a forma com que ele me olhou e me tratou. Ele nunca fez isso com nenhuma outra por aqui. Não que a Samara ou outra pessoa saiba. E aqui as notícias correm rápido. " Ela suspirou fundo.

"Tudo bem , está tudo bem. " Ela pensava enquanto passava a mão nos fios do próprio cabelo. "Preciso ir dormir e parar de pensar bobagem." Ela se levantou decidida.

A noite foi longa. E por ter passado o dia dormindo, Alice já tinha certeza de que não iria dormir mais. Além de que os roncos de Samara estavam incomodando.

Os roncos eram comuns, mas como ela sempre estava com muito sono, apenas ignoravam. Mas aquela noite estava mais alta do que o normal.

Na tentativa de fazer com que Samara acordasse. Alice jogou um travesseiro para cima. Deu certo por um momento, mas logo o ronco tomou conta do quarto novamente.

Daniel estava com vontade de saber tudo sobre a vida de Alice. E teria uma reunião a sós com Telma no dia seguinte.

Ele continuou tomando sua taça de vinho, mas já não conseguia mais ler. Toda aquela confusão desde mais cedo, o tirou da concentração. O que era prejudicial, já que tinha muitas coisas pra resolver e daqui a dois dias seria o aniversário da filha.

"Eu não posso me envolver por pouca coisa. Mas o que está acontecendo comigo hoje?" Ele forçava seus olhos para o livro, o que foi vão.

Seu membro estava começando a doer já que ficou muito tempo observando Alice sentada. Com roupas brancas e tão pálidas. Aquilo mexeu com o seu psicológico. E pensar que ele não estava assim das vezes que a viu, mas a questão era que ele não sabia exatamente quem era. Já agora ele sabia exatamente quem se sentava todas as noites naquele banco.

"O que eu estou pensando? Ela deve ter no máximo 26 anos. E eu estou com 45, só posso estar louco por isso. " Ele pensava. "Preciso de um banho. " Ele afirmou para si.

O banho teria de ser frio, para acalmar seu corpo e seu membro que insistia em quantidade ali, firme como uma rocha.

Daniel tentou se recompor, enquanto a água escorria sobre seu corpo. Uma água gelada em uma noite fria de inverno. Isso era apenas o que voltaria a ficar normal para tentar dormir mais calmo.

Após tanto tempo sem ter contato com nenhuma mulher. Seu corpo começou a reagir ao ver Alice, e isso o deixou completamente louco.

"Preciso esquecer isso. " Ele disse para si mesmo em tom sério, enquanto a água descia sobre seu corpo.

A noite pareceu eterna para Daniel, não conseguiu pegar os olhos. Assim como Alice ficou revirando na cama.

Já era as 7, hora de levantar e Alice já estava atrasada, já que ao amanhecer foi quando ela conseguiu dar um cochilo.

"Você precisa levantar Alice. Ou a Telma vai acabar entrando aqui e te buscar pelo cabelo."

"Eu já vou só me dar mais um tempo. Estou com sono, e ainda não estou atrasada."

"Então. É que ontem eu fiquei tao animada que acabei esquecendo. Ela me deu ordens para te avisar que era para você está de pé as 7 em ponto porque queria conversar com você. "

Houve silêncio. Alice tentava reagir.

"E que horas são? " Ela ainda disse sonolenta.

"São exatamente 7:10" Ela falou em desespero.

Alice deu um pulo na cama.

"Como esquece de me passar uma ordem dessas. Ela já está brava comigo. Vou acabar sendo demitida isso sim."

Alice se levantou e percebeu que a amiga já estava arrumada.

"Você também vai começar os trabalhos mais cedo hoje?"

"Hoje, vamos todos. Vai ser hoje que as decorações vão chegar. Na verdade, já chegaram. Vamos ter que ajudar a montar todo o salão."

" Você só pode estar brincando. Ele tem tanto dinheiro, porque não contrata alguém especializado nisso?"

"Você acha que isso é ideia de quem? Da maldita da chefe subordinada. Ela falou para Sr. Daniel que podemos dar um jeito e tudo vai ficar impecável." Samara disse revirando os olhos.

Alice não quis discutir, já que amanheceu nervosa, principalmente com Telma. Apenas colocou seu uniforme rápido. Mas nem se importou que a roupa estava completamente amassada.

"Você parou cedo ontem, acho que hoje ela vai querer que você trabalhe sem pausa. " Samara disse se sentando na cama da amiga.

"Eu não duvido. " Alice disse com raiva.

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