A manhã chegou encoberta por nuvens baixas e frias, como se o mundo ao redor pressentisse que algo estava prestes a desmoronar. Alice acordou antes de Daniel, seu corpo ainda entrelaçado ao dele sob os lençóis macios da ampla cama da mansão. Por um momento, sentiu uma paz rara, quase utópica. Mas logo a realidade bateu à porta do seu peito: aquele sentimento não era simples. Nunca fora.
Vestiu o robe de seda e desceu as escadas em busca de café. No caminho, cruzou com Telma, que a olhou de cima a baixo com uma mistura de desdém e cautela. Alice tentou ignorar, mas sabia que os sussurros da casa tinham aumentado nos últimos dias. A proximidade evidente entre ela e Daniel não passava mais despercebida. As funcionárias murmuravam, julgavam, e muitas torciam para que ela caísse do pedestal que, na opinião delas, jamais deveria ter ocupado.
Na cozinha, uma das empregadas mais jovens, Lívia, parou de conversar ao vê-la entrar.
"Bom dia," disse Alice, tentando manter a naturalidade.
Lívia re