Capítulo 145
O dia amanheceu com o peso de uma decisão não tomada.
Juan estava na cozinha, o café fumegando na caneca, mas ele não bebia. Só observava o líquido escuro, como se nele pudesse encontrar respostas.
Ayla entrou com os cabelos presos num coque malfeito. O rosto denunciava a noite insone.
— Você não dormiu — ela constatou, sem acusação, só um cansaço solidário.
— Nem você.
Ela balançou a cabeça, puxou uma cadeira e sentou-se de frente para ele.
— Juan... — começou, a voz baixa. — Precisamos decidir.
Ele não respondeu. O tique nervoso no maxilar dele fazia o músculo pulsar.
Ayla suspirou.
— Eu estou com medo. De verdade. E não só por mim. Por você. Pela Emma.
Juan apertou a caneca. Finalmente ergueu os olhos, pesados, vermelhos.
— Eu não vou fugir.
Ela fechou os olhos, com raiva, frustração e alívio misturados.
— Então vamos lutar. Mas pra lutar, a gente precisa entender com quem estamos lidando.
Ele pareceu atento.
— O que você quer dizer?
— Quero dizer que essa história est