Capítulo 45
Vera
Basta.
Era só isso que martelava na minha cabeça enquanto eu revirava as pastas antigas no canto da sala de costura.
Agora ele tinha ultrapassado todos os limites.
Mexer com o meu filho? Não.
Abri a gaveta de baixo, aquela que ficava trancada há anos, e puxei o envelope amarelado. A maior bomba que eu tinha guardada.
Durante muito tempo, deixei esse envelope ali, quieto. Como um animal enjaulado, que eu morria de medo de soltar.
Mas agora… era diferente.
Quando a gente era casado, aquele homem não levava um copo até a pia. Fazia a barba e deixava o banheiro parecendo cena de crime. Cabelo, espuma, respingos… tudo largado. Quem limpava? Eu. Sempre eu.
Ele dizia que mulher nasceu pra servir. Que tinha que aceitar o papel dela.
Que nojo.
Mas foi justamente esse nojo que me deu margem.
Naquela época, ele ainda era um zé-ninguém. A construtora mal tinha placa.
O Luís… o primeiro sócio… era o oposto dele. Brincalhão, gentil, sempre com aquele sorriso fácil. Notava o jeito c