Maria Eduarda
Disseram que sair da minha cidadezinha pra tentar a vida numa capital seria difícil. Eu sabia. Mas precisava. Tinha que dar uma vida melhor pra minha família.
Painho morreu quando eu tinha 15 anos, deixando mainha sozinha comigo e mais três irmãos: João, com 12; Francisco, com 8; e Gabriel, com apenas 4.
Como a mais velha, sobrou pra mim segurar as pontas. Ajudava mainha a vender os doces que ela fazia, costurava pra fora, pegava qualquer bico que aparecesse.
Quando minha prima Isaura mandou mensagem dizendo que tinha conseguido um emprego de babá na capital, a esperança reacendeu. "Minha chance", pensei. Mal sabia o que me esperava.
No dia em que contei pra mainha que ia embora, os olhos dela se encheram de lágrima.
— Tu vai mesmo, Duda? — ela perguntou, a voz embargada.
— Vou, mãe. Se Isa conseguiu, eu também consigo.
Ela me abraçou forte.
— Deus lhe acompanhe, minha filha…
Na despedida foi uma choradeira só. Meus irmãos me cercaram na porta, cada um querendo o último