Érico
O cara saiu daquele apartamento cuspindo veneno. Eu fiquei ali, no meio daquela sala minúscula, tentando acalmar a Enya — mas, por dentro, minha cabeça tava fervendo.
Eu vi o jeito que ele olhou pra mim, como se fosse dono de tudo e de todos, e pensei: “Esse tipo de homem… sempre acha que pode intimidar todo mundo.”
Eu puxei ela de leve pro meu lado, coloquei a mão no ombro dela.
— Vai ficar tudo bem — falei, a voz saindo mais firme do que eu realmente sentia. — Eu vou resolver isso, de um jeito ou de outro.
Ela me olhou, o medo escorrendo pelos olhos, mas não falou nada.
— Quem é ele, afinal? — perguntei, mesmo que parte de mim já soubesse a resposta.
— Rômulo… — ela disse num sopro. — Meu cunhado. Ele é delegado.
Delegado.
Senti meu estômago gelar.
Eu não fazia nada errado. Não era como o meu pai, que tinha uma porção de negócios escusos metidos debaixo do tapete — mas mesmo assim, eu sabia o que podia acontecer se alguém como aquele delegado resolvesse cavar fundo.
Eu não tin