MADISSON
— Primeira vez?
MADISSON
Era cedo demais e frio demais.
E eu estava ridícula.A blusa branca de botão pinicava na base do meu pescoço, como se quisesse me estrangular. A saia xadrez verde e cinza ia até o joelho, combinando com o casaco verde-musgo que carregava um emblema dourado no bolso esquerdo: Lunaris Valley School, com um lobo estilizado ao centro, como se fosse apenas um desenho aleatório. Mas não parecia aleatório. Nada naquela cidade parecia ser.
— Você tá uma gracinha — disse Gwen, escorada na moldura da porta, sorrindo.
Ela usava um vestido longo vinho, fluido, o tipo de roupa que parecia ter saído direto de uma revista de moda acadêmica. O cabelo dela estava preso em uma trança lateral, e os brincos pequenos brilhavam com o reflexo da luz da manhã.
— Sorte a sua que universitários não usam farda — murmurei, ajustando a gola pela milésima vez no espelho.
— Ah, Maddy... farda ou não, você tá fofa.
Revirei os olhos.
— Isso só torna tudo pior.Descemos as escadas com as mochilas penduradas nos ombros. Minha mãe já estava na cozinha, preparando uma garrafa térmica com café e cortando frutas.
— Primeiro dia — disse ela, com um sorriso maternal e esperançoso. — Vai dar tudo certo.
Assenti com a cabeça, sem muita convicção. Gwen e eu saímos em seguida, o ar da manhã gelando meus tornozelos. O carro da minha mãe já estava ligado, aquecido por dentro.
— Vocês duas tomem cuidado, ok? E me avisem quando chegarem — pediu ela.
Gwen fez um joinha.
— Pode deixar, mãe.O caminho até o campus durou menos de dez minutos. Ainda era cedo, mas o estacionamento já estava cheio. Alunos andando apressados, carregando mochilas, copos de café, fones de ouvido. O campus era dividido, mas integrado: a escola de ensino médio à esquerda, a universidade à direita, conectadas por um jardim arborizado e uma fonte no centro.
— Primeiro dia — disse ela, com um sorriso maternal e esperançoso. — Vai dar tudo certo.
Assenti com a cabeça, sem muita convicção. Gwen e eu saímos em seguida, o ar da manhã gelando meus tornozelos. O carro da minha mãe já estava ligado, aquecido por dentro.
— Vocês duas tomem cuidado, ok? E me avisem quando chegarem — pediu ela.
Gwen fez um joinha.
— Pode deixar, mãe.O caminho até o campus durou menos de dez minutos. Ainda era cedo, mas o estacionamento já estava cheio. Alunos andando apressados, carregando mochilas, copos de café, fones de ouvido. O campus era dividido, mas integrado: a escola de ensino médio à esquerda, a universidade à direita, conectadas por um jardim arborizado e uma fonte no centro.
Gwen me lançou um sorriso antes de sair do carro.
— Te encontro na hora do almoço?
— Talvez — respondi.
— Vai dar tudo certo, Maddy. De verdade.
Assenti, respirando fundo antes de pegar minha mochila e atravessar o estacionamento em direção ao prédio da escola. Cada passo ecoava na minha cabeça como um alerta. Eu me sentia como um alvo ambulante.
Nos últimos dois dias, exploramos a cidade inteira.
E uma coisa me chamou atenção mais do que qualquer outra: quase tudo pertencia a uma única família.Havia a Thorne Technology, onde meu pai agora trabalhava.
A Clínica Thorne. A Farmácia Thorne. A Construtora Thorne. E até mesmo a livraria mais charmosa da cidade era da Fundação Thorne de Cultura.Era como viver dentro de um feudo moderno.
Onde uma família não só mandava na cidade… como era a cidade.E ainda assim, ninguém parecia se importar. Pelo contrário, as pessoas falavam dos Thorne com orgulho. Como se fossem uma espécie de realeza silenciosa.
Ao atravessar os corredores do prédio da escola, percebi que tudo era limpo demais, organizado demais. Os alunos se vestiam de forma idêntica, casacos verdes, saias e calças com o mesmo padrão.
— Primeira vez?
Virei para o lado.
Um garoto alto, moreno, com uma cicatriz fina na sobrancelha esquerda e um sorriso fácil. Ele andava com um grupo, mas parou ao me ver.— É. Primeira semana, na verdade — respondi.
— Sou Isaac. Terceiro ano. E você…?
— Madisson. Mas pode me chamar de Maddy.
Ele estendeu a mão de forma educada.
— Bem-vinda a Lunaris Valley School, Maddy. Você vai amar aqui.Dei um sorriso sem graça.
— Já percebi — murmurei.
Isaac riu, como se entendesse exatamente o que eu queria dizer.
Depois me indicou o caminho até a diretoria para pegar meu horário e seguir para minha primeira aula.No meio do caminho, não pude evitar reparar em algo que me fez parar por um segundo.
Havia um quadro enorme no saguão principal com fotos de alunos antigos. Medalhas, troféus, condecorações. E bem no centro, uma foto emoldurada em dourado: um garoto de olhos intensos, cabelo escuro e expressão séria.
— Esse é o KaelThorn Thorne — disse Isaac, ao notar meu olhar. — Ele se formou há alguns anos, mas ainda é o queridinho da escola. Filho da família Thorne. Ele estuda na universidade agora.
— Ele parece... intimidador — comentei.
— E é. Mas também é brilhante.
Assenti, estudando o rosto do cara na foto, ele nem está sorrindo.
Aquela era a cidade dos Thorne, disso eu tinha certeza.
Quando cheguei à minha sala, o ambiente caiu em silêncio por um segundo.
Eu mantive o queixo erguido, mesmo com todos os olhos voltados para mim.
A professora me apresentou com um sorriso exagerado.
— Essa é Madisson Allen, a nova aluna vinda de fora.
Eu me forcei a sorrir também, fingindo não notar os olhares curiosos, alguns frios, outros apenas surpresos.
Havia um lugar vazio ao fundo, então fui até lá e me sentei. Isaac me lançou um aceno discreto do outro lado da sala.A aula começou, mas minha mente estava longe. Voltando para as árvores atrás da nossa casa.
Para o símbolo do lobo na farda. Para o nome Thorne em todas as vitrines. E para o nome Kael Thorne.Porque, por alguma razão que eu não sabia explicar… só de ouvir aquele nome, meu coração acelerou.