O amor, descobriu Clara, não era um refúgio fora da vida: era parte dela. As manhãs seguintes ao momento de entrega com Miguel não vieram marcadas por fogos de artifício ou declarações grandiosas, mas por gestos pequenos que se tornavam preciosos. O café posto à mesa sem alarde. O toque da mão dele no braço dela enquanto caminhavam até a Casa. O olhar silencioso que a sustentava quando o cansaço ameaçava dobrá-la.
Mas se dentro dela o coração florescia, o mundo ao redor não tardou a lembrar-lhe de que raízes fortes sempre atraem ventos.
Na segunda Casa Raízes, a rotina havia encontrado um compasso firme. Júlia, cada vez mais segura, multiplicava parcerias; Luana tornava-se voz entre as adolescentes, e até Helena, a mulher desconfiada, já participava dos mutirões de limpeza sem resmungar tanto. Era um equilíbrio frágil, mas real.
Foi nesse cenário que a primeira sombra apareceu: cartazes colados na praça principal, acusando a Casa de ser “um lugar de doutrinação” e “um abrigo para rebe