O tempo corria como o vento que atravessava as janelas da casa branca junto ao mar. Clara já não era a jovem de olhar ferido que chegara àquela cidade carregando cicatrizes invisíveis. Os cabelos agora tinham reflexos prateados que brilhavam sob o sol, e as rugas suaves ao redor dos olhos eram testemunhas não de sofrimento, mas de sorrisos cultivados ao longo dos anos.
Na mesa da varanda, repousavam três livros publicados. Raízes, o primeiro, abrira as portas para outros dois volumes, cada um mais íntimo, mais profundo, até se tornarem referência em círculos literários que discutiam resiliência e superação. Clara nunca se preocupou com fama, mas sabia que sua voz havia atravessado fronteiras. Recebia cartas de mulheres que diziam ter encontrado coragem em suas páginas. Algumas, em cidades distantes, declaravam que só permaneceram de pé porque viram na história dela a prova de que a vida podia renascer.
Naquele fim de tarde, Miguel trouxe uma bandeja com chá e pães recém-assados. O ros