Cinco anos haviam se passado desde aquela última audiência. O mundo girara rápido, e a vida de Clara se transformara em algo que jamais imaginara quando ainda era prisioneira da dor. O mar, que antes representava despedidas, agora era símbolo de permanência. A pequena cidade costeira tornara-se lar, não refúgio.
Na estante de sua sala, ao lado de vasos de flores coloridas, havia agora uma coleção de cadernos encadernados. Cada um contava pedaços de sua caminhada: da traição à superação, do luto à esperança, da sobrevivência à escolha de viver. Clara já não escrevia apenas para si. As páginas que antes guardavam segredos foram lapidadas e transformadas em algo maior.
Naquele dia especial, ela se preparava para lançar seu primeiro livro. Um volume de capa simples, título direto: Raízes.
O auditório da biblioteca local estava cheio. Moradores, amigos, colegas da oficina de escrita e até desconhecidos curiosos. Clara, elegantemente vestida, caminhou até o púlpito com passos firmes. As câm