A noite era úmida e silenciosa quando Clara deixou o tribunal. O julgamento de Salgado havia terminado por aquele dia, mas os ecos das palavras dela ainda estavam estampados nos jornais online, que publicavam manchetes em tempo real. “Clara Monteiro confronta Salgado diante da corte”. “Mulher que desmascarou Adriano enfrenta novo aliado corrupto”.

Ela caminhava pelo estacionamento quase vazio, o salto ecoando no concreto molhado. Augusto havia insistido para acompanhá-la até o carro, mas Clara recusara com um sorriso firme. Precisava provar a si mesma que não era mais refém do medo.

Mas, ao virar a esquina do corredor escuro, percebeu que não estava sozinha.

Uma sombra se moveu perto de uma coluna. Outro passo ecoou atrás dela.

— Clara Monteiro… — a voz grave, arrastada, surgiu da penumbra. — Corajosa no tribunal. Vamos ver se é tão corajosa aqui fora.

O coração dela acelerou, mas os olhos permaneceram frios. Reconheceu o rosto de um dos capangas de Salgado, homem corpulento, cicatriz