O tribunal estava lotado. Jornalistas espremiam-se contra as grades de ferro, câmeras transmitiam ao vivo, e cada olhar se voltava para a mulher que caminhava em silêncio até o centro da sala. Clara Monteiro. O nome que, meses antes, era sussurrado apenas em notas de rodapé, agora era manchete. Não como vítima indefesa, mas como testemunha central no maior escândalo empresarial do país.
Na mesa de defesa, Roberto Salgado ajeitava o terno com mãos pesadas. O rosto largo, marcado por rugas de arrogância, transbordava desprezo. Ele não temia tribunais — sempre encontrara uma maneira de comprar silêncios. Mas, naquele dia, algo parecia diferente. O silêncio da sala não lhe trazia confiança, e sim ameaça.
Clara parou diante do juiz, o microfone ajustado à altura de sua voz. Não havia tremor em suas mãos, não havia sombra em seu olhar. Apenas firmeza.
— Senhora Monteiro — disse o juiz —, confirme ao tribunal sua relação com os documentos apresentados contra o réu Roberto Salgado.
Clara abri