A prisão tinha suas próprias redes invisíveis. Nenhuma parede, por mais grossa que fosse, era capaz de calar a circulação de informações. Cartas, recados, visitas pagas em silêncio. Adriano Monteiro, mesmo atrás das grades, ainda sabia como mover peças no tabuleiro. E foi por meio dessas correntes ocultas que ele descobriu: Clara e Elena haviam se encontrado.
A notícia lhe chegou numa manhã abafada, quando o sol ardia sobre o pátio de concreto. Um dos homens de confiança, Braga, aproximou-se durante o banho de sol e falou em voz baixa:
— Elas se viram. Elena procurou sua esposa. Falaram sobre você.
Adriano cerrou os dentes, os olhos faiscando de fúria. — O que ela quer?
Braga deu de ombros. — Sobreviver, como sempre. Parece que está tentando se aproximar de Clara.
Adriano sentiu o sangue ferver. Elena, a mulher por quem sacrificara tudo, agora planejava unir-se à sua esposa para enterrá-lo ainda mais. O orgulho ferido era quase insuportável, mas no fundo havia algo pior: o medo. Ele c