O céu estava encoberto quando Clara saiu do tribunal, onde fora chamada para mais uma audiência relacionada aos bens de Adriano. A chuva fina umedecia a calçada, mas ela caminhava serena, sem guarda-chuva, como se cada gota fosse uma purificação.
Foi então que uma voz conhecida a chamou, carregada de urgência:
— Clara! Espere!
Clara se virou devagar. Elena estava parada a poucos metros, envolta em um casaco caro que parecia desajustado no corpo emagrecido. Os olhos traziam olheiras profundas, a maquiagem borrada pela umidade. Já não havia nada da mulher altiva e sedutora que roubara seu marido e sua vida. O que restava era uma sombra.
— O que você quer? — Clara perguntou, a voz firme.
Elena deu alguns passos hesitantes até ela. — Preciso falar com você. Não aqui.
Clara suspirou, mas não se moveu. — Diga logo.
— Ele vai me culpar de tudo — Elena soltou num sussurro, os olhos marejados. — Adriano não aceita a queda. Vai dizer que eu fui a mente por trás, que manipulei cada passo. Eu sei