O pátio do tribunal fervilhava com jornalistas e câmeras quando Clara desceu as escadas, o som de flashes cortando o ar como relâmpagos incessantes. Adriano Monteiro havia acabado de ser conduzido para uma nova audiência, e mesmo algemado, conseguia atrair a atenção de todos. A cada passo, porém, era evidente: ele já não era o magnata respeitado. Era apenas um homem cercado por guardas, o rosto endurecido, tentando sustentar uma dignidade que não possuía mais.
Clara observava de longe. Não com raiva, não com dor. Mas com uma serenidade que lhe custara sangue e anos de silêncio. Sentia que finalmente o passado estava atrás das grades.
Quando os repórteres começaram a dispersar, uma figura surgiu entre eles. Elena.
Vestia roupas escuras, óculos grandes, mas nada escondia a tensão estampada em cada linha do seu rosto. Aproximou-se de Clara com passos decididos, ignorando o burburinho ao redor.
— Precisamos falar — disse, quase sem fôlego.
Clara estreitou os olhos. — Já não falamos o sufi