O salão do hotel estava iluminado demais para uma noite que deveria ser discreta. Lustres de cristal espalhavam um brilho falso sobre as mesas, e o tapete macio abafava o som dos passos das mulheres que circulavam com taças de champanhe nas mãos. Clara entrou como uma sombra que não precisava anunciar sua presença. Usava um vestido simples, de tecido preto que parecia absorver a luz em vez de refletir, contrastando com o vermelho vibrante de Elena, que dominava o centro do salão como uma rainha coroada em fogo.
Elena percebeu sua chegada no mesmo instante. Seus olhos se estreitaram, mas não desviou o olhar. Sorrindo, caminhou em sua direção como quem desfila, cada movimento estudado, cada gesto calculado para humilhar.
— Clara Monteiro — disse, estendendo a taça como se brindasse ao infortúnio da outra. — Achei que você já tivesse desaparecido de vez. Que surpresa desagradável vê-la aqui.
Clara manteve a calma, a boca curva em um sorriso quase imperceptível. — Desaparecer nunca foi um