Clara caminhava pela cidade como quem atravessa um campo de batalha já vencido. Não havia pressa em seus passos, apenas a calma de quem sabe que cada fio da armadilha foi bem tecido. Elena, por outro lado, começava a sentir a corda apertar no pescoço. Sem o dinheiro que Adriano desviava com tanto zelo, cada capricho dela começava a se desfazer. Os hotéis recusavam reservas, os cartões eram bloqueados, e os amigos que se juntavam em torno de sua mesa de vinho já não atendiam ao telefone. O nome dela começava a soar maldito nos círculos que antes a idolatravam.

Clara havia aprendido que a ruína social pode ser mais dolorosa do que a prisão. Não precisava gritar, não precisava se expor; bastava liberar fragmentos. Uma nota anônima enviada à coluna de fofocas de um jornal influente. Uma foto comprometedora entregue a uma socialite que adorava espalhar veneno. Uma mensagem curta disparada a um investidor da Monteiro Corp. Elena deixava de ser a mulher misteriosa e desejada para se tornar a