Helena
O mundo volta aos poucos, como se alguém diminuísse o volume da realidade. Mas o olhar dele… esse continua preso ao meu, como se Felipe tivesse finalmente encontrado um ponto de ancoragem depois de anos à deriva — e, por algum motivo que me assusta, esse ponto fosse eu.
Respiro fundo, mas o ar entra quente, pesado, cheio de lembranças que eu me forcei a enterrar. Ele dá um passo à frente, quase imperceptível, como se fosse um movimento involuntário. Eu não recuo. Talvez por orgulho. Talvez por curiosidade. Talvez porque parte de mim ainda reconhece aquele homem… mesmo depois de tudo.
— Helena… — ele começa, mas para no meio do nome, como se a própria palavra já fosse perigosa demais.
— Não — interrompo, erguendo a mão. — Não diga nada agora.
Ele franze o cenho, confuso, mas respeita. Felipe Diniz, respeitando limites. Isso, por si só, já é a prova de que o mundo realmente mudou.
— Eu preciso entender o que está acontecendo ao meu redor antes de tentar entender o que está