Helena Assunção
Há algo errado comigo. Ou talvez, errado demais com ele. Desde que comecei a trabalhar no escritório de Felipe Diniz, minhas noites nunca mais foram tranquilas. Quando fecho os olhos, não vejo números, relatórios ou contratos. Vejo o olhar dele. A sombra da presença dele me cerca até nos sonhos, me prendendo numa teia invisível que não sei se quero ou consigo escapar.
A cada dia que passa, sinto como se estivesse vivendo em um campo minado. Não importa o quanto tente ser profissional, meus instintos me traem. O coração dispara quando ele entra na sala. Minha pele arrepia quando se aproxima demais. Minha mente cria imagens que eu jamais teria coragem de confessar em voz alta.
O problema é que não é apenas desejo. É lembrança.
Quando olho para Felipe, vejo duas pessoas em um só corpo: o homem perigoso, CEO poderoso, com voz grave e olhar capaz de me despir em silêncio… e o menino que um dia segurou minha mão quando eu tinha medo do escuro. O garoto que me fez rir até cho