Felipe
A ligação cai. Não porque o sinal falhou. Não porque o celular dela desligou. Mas porque eu ouço — no milissegundo antes do silêncio — o som inconfundível de papel sendo rasgado. Ela abriu o envelope. O envelope que o maldito Adrian entregou e que eu temia mais do que qualquer acusação, qualquer escândalo, qualquer queda. Porque aquele conteúdo… Aquele maldito conteúdo… Adrian sabia exatamente onde atingir. Eu estou no elevador quando percebo que não estou mais respirando. O metal reflete minha própria expressão — não a de um CEO, não a de um homem no controle. A expressão de um homem que está prestes a perder tudo. De novo.
Corro antes mesmo das portas abrirem totalmente. Atravesso o saguão ignorando qualquer olhar, qualquer segurança, qualquer protocolo. Quando saio para a rua, o ar da tarde bate como choque térmico no meu rosto. E ela está lá. Helena. Em pé. Presa entre o medo e a incredulidade. E na mão dela… O envelope aberto. Meu peito se fecha. Minha visão diminui nas bo