Helena
O elevador parece mais lento do que nunca. Ou talvez seja eu — meu peito inflado, meu ar curto, minha mente tentando se agarrar a qualquer sensação de normalidade enquanto tudo dentro de mim implora para correr. A reunião terminou há cinco minutos. Cinco minutos que pareceram horas. Cinco minutos em que os olhares atravessados, sutilmente calculados e perigosos, seguiram cada movimento meu. Henrique não apareceu hoje. E isso, por si só, deveria ter sido motivo para alívio. Mas o vazio no espaço onde ele costuma surgir já diz mais do que sua presença diria. Ele sumiu — e homens como Henrique não somem sem deixar rastros. Nem sem deixar ameaças.
O elevador chega ao térreo e as portas se abrem com um ding metálico. A sensação é de ser expulsa em vez de liberada. Meu celular vibra. Uma vez. Duas. Três. Olho para a tela. É Felipe. A tensão que eu carregava no pescoço desce direto para o estômago. Algo dentro de mim — algo que vem daquela intuição estranha que sempre me alertou ant