Felipe Diniz
Confiança nunca fez parte do meu vocabulário. Cresci aprendendo que cada palavra dita em falso, cada olhar dissimulado, pode custar mais do que dinheiro. Pode custar poder. Pode custar a vida. Para mim, confiar sempre foi o mesmo que entregar a lâmina ao inimigo e oferecer o pescoço em seguida.
E vulnerabilidade? Essa palavra é veneno. Eu nunca a permiti. Eu nunca precisei.
Mas Helena… Helena é a falha que não previ. É a brecha que arde na minha carne como ferro em brasa. Ela me desarma sem perceber e me arranca da lógica fria que sempre foi meu escudo. Basta o olhar dela — aquele olhar que se recusa a se render — para que minhas defesas vacilem.
E isso me enfurece.
Porque sei que, por trás dessa entrega que o corpo dela me dá, há algo escondido. Algo que não alcanço. Segredos que ela guarda com unhas e dentes. Segredos que me desafiam, me provocam e me ferem de um jeito que nenhum inimigo conseguiria.
E eu não sou um homem que tolera feridas.
Cada silêncio dela é uma nav