O vento da noite bateu forte quando saí do prédio, bagunçando meus cabelos soltos, esfriando o suor que ainda escorria pelo meu corpo em ondas de raiva. Caminhei sem direção, apenas deixando os pés me guiarem até que as luzes de um bar na esquina me chamaram. O letreiro em neon piscava num azul cansado, e a música abafada que escapava pelas portas prometia ao menos um lugar onde eu pudesse me perder.
Entrei. O cheiro de álcool, madeira velha e fritura me envolveu imediatamente. Pedi um uísque no balcão, sem gelo, e bebi de um gole só, sentindo o fogo arder pela garganta, tentando queimar junto a dor que latejava dentro de mim. Pedi outro.
Estava prestes a pedir o terceiro quando ouvi uma voz suave, grave, ao meu lado:
— Acho que duas doses de uísque sem gelo já são o suficiente pra te fazer esquecer de qualquer coisa.
Virei o rosto e congelei. Min-ho. Ele estava ali, sentado a apenas dois bancos de distância, com o blazer pendurado na cadeira, a camisa branca desabotoada no colarinho,