[][][] Quatro anos depois [][][]
Quatro anos se passaram desde aquela noite de fogo e sangue no galpão, uma eternidade que parecia ao mesmo tempo um piscar de olhos e uma vida inteira.
Fugimos do México para a Ásia, de lá para a África e depois Europa, sempre trocando de identidades como peles de cobra, até nos instalarmos em Corippo, um vilarejo rústico e esquecido no cantão do Ticino, na Suíça. Aqui, o mundo moderno mal nos tocava: sem internet para nos conectar ao passado, com apenas uma TV por satélite que sintonizava canais antigos, pilhas de livros empoeirados que Min-ho trazia de viagens esporádicas a Locarno, e frutas e vegetais frescos colhidos dos pequenos pomares ao redor; maçãs crocantes, peras suculentas, e tomates vermelhos como sangue seco.
A vizinhança era quase nula, com menos de uma dúzia de habitantes no vilarejo inteiro, a maioria idosos que mal saíam de suas casas de pedra, trocando olhares desconfiados mas respeitosos com os "estrangeiros" que éramos. Nossa casa