Meu coração batia descompassado, o luto e o horror do que havíamos feito pesando no peito como uma pedra. O martelo não estava mais na minha mão, mas o peso do sangue ainda grudava na minha pele, o cheiro de gasolina e carne queimada impregnado nas minhas narinas.
Eu era a vilã dessa história agora.
Mas pelo meu filho, pelo vazio que ele deixou, eu faria de novo.
Min-ho dirigiu por um longo tempo enquanto falava ao telefone; o fone em seu ouvido me impedia de ouvir o que estava sendo combinado, mas suas falas eram curtas e secas com a pessoa do outro lado da ligação. Suas mãos estavam firmes no volante, os olhos fixos na estrada, mas ele me olhava de relance, como se tentasse avaliar se eu ainda estava inteira.
— Já está tudo arranjado — disse ele após apertar um botão no painel do carro, a voz rouca demonstrando o seu cansaço. — Um dos meus contatos conseguiu um navio de carga saindo do porto em meia hora. Vamos para o México, e de lá traçamos o resto do caminho. Ninguém vai nos acha