Horas Antes
O silêncio do quarto de hóspedes era quase insuportável.
Daniel se revirava na cama, a respiração pesada, os olhos fixos no teto, como se buscasse ali respostas que nem o tempo soube dar. Havia um ruído constante dentro dele. Um zunido incômodo — feito de lembranças, de escolhas erradas, de tudo o que não foi.
O tempo todo desde que voltou, ele tentava se convencer de que ainda havia uma chance.
Uma brecha.
Uma falha no sistema emocional de Amanda que ele pudesse habitar novamente.
Mas o que ouviu naquela noite... o destruiu.
Estava indo até a cozinha, pés descalços no assoalho frio, buscando água para engolir o gosto amargo do arrependimento. Passou pelo corredor, quando algo o paralisou.
Um som.
Baixo, abafado — mas inconfundível.
A porta entreaberta do quarto principal.
A respiração dele se prendeu, como se seu corpo soubesse antes da mente o que estava prestes a descobrir.
Ele parou. Não por covardia, mas por instinto. E então ouviu.
O ranger leve da cama.
O suspiro lo