A casa estava em silêncio, mas não era o mesmo silêncio de antes. Era um silêncio denso, cheio de ruídos internos — de memórias reviradas, palavras ditas e feridas que, mesmo cicatrizadas, voltaram a arder sob a pele.
Lucca fechou a porta da sala devagar, como se respeitasse aquele instante frágil. Amanda ainda estava parada junto à mesa, os dedos deslizando levemente sobre a superfície de madeira, como se precisasse tocar algo real para não se perder na vertigem do que sentia.
Ele se aproximou devagar, sem invadir. Apenas a presença firme e paciente dele atrás dela.
— Tá tudo bem? — ele perguntou, voz baixa.
Amanda soltou o ar devagar, sem se virar.
— Não sei. Talvez sim… Talvez só… cansada.
Lucca encostou a testa na nuca dela, as mãos repousando em sua cintura.
— Você foi incrível. Forte. Clara. Eu só queria ter te poupado disso.
Ela virou-se lentamente, os olhos marejados, mas calmos.
—Eu precisava ouvir da boca dele. Precisava dizer tudo. Não por ele. Por mim.
Ele assentiu, os olh