Um mês havia se passado desde que Helena e Tomás chegaram ao Brasil.
Trinta dias que pareceram uma vida inteira condensada em pequenos gestos. Foram risos nas manhãs, corridas pelo calçadão à tarde, histórias sussurradas sob a luz amarela do abajur ao lado da cama. Tomás, de alma leve e curiosa, se enraizava com facilidade: chamava Lucca de pai sem tropeçar nas palavras, abraçava Amanda como se ela sempre tivesse estado ali. Era como se aquela pequena família tivesse nascido de um milagre silencioso.
Mas naquela manhã — nublada, fria e úmida — o milagre começava a desvanecer.
O saguão do aeroporto estava abafado de emoções não ditas. Helena segurava o bilhete de embarque como se o papel tivesse o poder de impedir sua vontade de ficar. Seus olhos dançavam entre os rostos familiares, como quem memorizava, fotografava, se despedida em câmera lenta.
Tomás estava calado. A mochila pendia frouxa sobre os ombros. Ele não brincava, não reclamava, não fazia perguntas. Apenas observava. Um silê