102: Chá Amargo

A manhã seguia abafada, coberta por nuvens espessas que pareciam pesar sobre o telhado da mansão. O cheiro do orvalho velho misturado ao perfume floral artificial da casa deixava o ar parado — como um suspiro contido demais.

Amanda entrou na sala de estar com passos firmes, mas o peito ardia — não de medo, e sim de exaustão. A noite havia sido longa. Não por causa de Daniel. Mas por causa dos olhos de Vitória Mancini. Aqueles olhos que não gritavam, mas condenavam. Olhos de quem já destruiu mulheres com um único olhar e seguiu em frente sem manchar o batom.

Vitória estava na varanda de pedra, sentada como uma imperatriz exilada, mas ainda no controle de tudo. A mesa posta com uma bandeja de prata reluzia entre os reflexos do céu nublado. Torradas perfeitamente empilhadas. Geleias artesanais em pequenos potes de vidro. E uma xícara de porcelana inglesa, daquelas que quebrariam qualquer silêncio — se caíssem, ou se fossem arremessadas.

Amanda hesitou por um segundo. Sentiu o piso frio s
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