A manhã chegou opaca, coberta por nuvens carregadas, como se o céu também pressentisse o que estava por vir.
Amanda ainda estava na cozinha, preparando café, quando a campainha tocou. Lucca, ao lado dela, ergueu os olhos do jornal, como se seu corpo já soubesse o nome por trás daquele som.
— Espera aqui — ele disse baixo, e caminhou até a porta.
Amanda ouviu o ranger da madeira... e o silêncio gelado que veio depois.
— Mãe?
A palavra soou como um sopro que não se esperava dar. Amanda se aproximou, hesitante. E então a viu.
Vitória Mancini.
Alta, de vestido de linho cru, óculos escuros, colar de pérolas, e um perfume inconfundível que misturava jasmim e aço. Os cabelos estavam presos num coque milimetricamente desalinhado — porque nada nela era acidental.
— Bom dia, Lucca. — O tom era firme. Sem abraços. Sem sorrisos. — Espero que tenha espaço para mais uma peça nesse teatro.
Lucca suspirou.
— O que você está fazendo aqui, mãe?
Vitória tirou os óculos, revelando olhos que não perdiam a