Daniel não voltou para o café da manhã.
Nem para o almoço.
O sol já começava a se deitar no horizonte, tingindo o céu de tons laranja e ferrugem, quando Amanda se recostou no parapeito da varanda. O jardim silencioso parecia mais uma pintura suspensa no tempo — bela, mas estática. Como se o ar estivesse esperando algo para finalmente se mover.
Lucca estava ao lado, braços cruzados, maxilar tenso. O silêncio entre eles era uma corda esticada — qualquer palavra poderia arrebentar tudo.
— Você acha que ele foi embora? — Amanda perguntou, a voz baixa demais, quase sem cor. Mas a tensão em seus ombros a desmentia.
Lucca respondeu sem desviar o olhar do portão:
— Daniel não foge. Não desse jeito. Não duas vezes.
— Mas ele tava mal, Lucca. Bebeu cedo, os olhos vermelhos, a voz trêmula. Ele tá afundado. E pior: tá magoado. Com você, comigo… com ele mesmo. — Ela mordeu o lábio, frustrada. — Ele é uma granada sem o pino.
Lucca passou a mão nos cabelos, nervoso, a respiração descompassada.
— E s