Capítulo 35 — Nem todo silêncio é paz. Alguns... GRITAM.
Caius Varella
O celular ainda tava na minha mão.
A mensagem da Clara piscando na tela.
O cérebro rodando, o peito apertando, o corpo inteiro em alerta — e, ao mesmo tempo, querendo fingir que não. Que não era nada. Que era só paranoia.
Mas eu sabia que não.
O instinto não mente. Nunca mentiu.
O dedo ainda tremia quando vibrou de novo.
Dessa vez, não era mensagem.
Era ligação.
Número desconhecido.
Sem identificação. Sem nome. Sem rosto. Sem aviso. Antes que eu atendesse, Selene soltou meu corpo e virou pro outro lado da cama, ainda dormindo.
Engoli seco.
Atendi.
— Alô.
Por um segundo, só ouvi silêncio.
Silêncio pesado. Denso.
O tipo de silêncio que não é ausência de som...
É ameaça. É veneno. É intenção.
— Você anda ocupado, Caius... — a voz masculina veio arrastada, grave, quase divertida. — Muito ocupado.
Me sentei na cama, segurando o celular com tanta força que os dedos doíam. O olhar foi direto pro corpo de Selene, ainda deitada, ainda respira