Selene Castiel

O barulho da água do chuveiro ecoava pelo quarto.

O som abafado, ritmado.

Caius tava lá dentro. Corpo debaixo da água. Pensamentos... sabe-se lá onde.

Eu estava na cama. Enrolada no lençol.

O celular dele vibrava em cima do criado-mudo.

Primeira vez, eu ignorei.

Segunda vez, também.

Na terceira… eu olhei.

“CLARA LIGANDO...”

O estômago virou.

A boca secou.

Meu cérebro processou na hora.

Clara.

Ela.

Ex.

A vibração parou.

Mas nem deu tempo do peito aliviar.

Vibrou de novo.

O nome acendendo na tela como se fosse uma maldita emergência.

Como se o universo quisesse, de propósito, me enfiar um soco no estômago e perguntar: “E aí, dona Selene? Você aguenta ou quebra?”

Sentei na cama. Puxei o lençol mais pra cima, escondendo as pernas, como se isso fosse proteger de alguma coisa. Mas não protegia. Nem um pouco.

O dedo ficou ali.

Tremendo.

Entre o atender e o ignorar.

O chuveiro seguia ligado.

Ele não fazia ideia.

Ele tava lá, perdido nos próp