Vestido de seda azul petróleo. Fenda até a alma. Decote milimetricamente ofensivo. Salto agulha o bastante pra estourar qualquer ego inflado que ouse cruzar meu caminho. Maquiagem como armadura. Cabelos soltos como minha vontade de provocar. Estou pronta. Não pra festa. Mas pro campo de batalha mascarado de filantropia.
A Fundação Castiel reluz sob holofotes. É beneficente, dizem. Como se doações em troca de manchetes limpassem pecados acumulados em contas nas Ilhas Cayman.
Eu? Vim pela obrigação social. Pela fachada. Pela guerra não declarada.
Caius desce do carro primeiro. Terno preto, presença marcante, olhar de quem calculou cada segundo desde o beijo que me viu dar… dois dias atrás. Me estende a mão. Eu aceito. Com um sorriso que valeria ouro na bolsa de valores da dissimulação.
— Pronta pra encantar os hipócritas? — ele murmura, colando os lábios na minha orelha como se fôssemos íntimos.
— Desde que você continue fingindo que esqueceu.
Sorrimos. Juntos. Para os flashes.
A elite