O som da notificação no computador foi a primeira coisa que Mila ouviu naquela manhã.
Não o despertador — que agora raramente precisava usar — mas o lembrete insistente de que a vida fora dali ainda existia.
Ainda exigia respostas.
Ela passou a mão pelos olhos antes de encarar a tela.
Dois e-mails novos do editor.
Um orçamento pendente de revisão.
Uma pergunta de um antigo colega de Roma sobre prazos.
Por alguns minutos, ficou só olhando os assuntos, como se fosse possível adiá-los indefinidamente.
Mas sabia que não era.
Respirou fundo.
Fez um café forte, ajeitou os papéis ao lado do laptop e começou a responder um por um.
A primeira hora passou depressa.
Entre anexos e contratos, percebeu que o sol já avançava pelo chão da sala, tocando a prateleira de livros que ela organizara dias antes.
Era um detalhe pequeno, mas fez o peito dela esquentar.
Porque agora tudo tinha nome e lugar.
E porque, de algum jeito, aquilo também era trabalho — manter o presente funcionando enquanto tentava r