A casa estava quase silenciosa naquela noite, exceto pelo crepitar suave do fogo na lareira e o sussurrar do vento lá fora, que parecia brincar com as cortinas gastas.

O cheiro de madeira aquecida misturava-se ao leve perfume de alecrim que Mila espalhara pela cozinha mais cedo, numa tentativa de dar ao ambiente algum traço de casa — de lar, mesmo que ainda não se sentisse pronta para chamar assim.

Tinha decidido que precisava de algo para marcar aquele momento — um ritual que a fizesse acreditar que, apesar de tudo, poderia ficar. Poderia construir algo novo ali, mesmo carregando tantas histórias inacabadas dentro de si.

Na pequena cozinha, iluminada por uma lâmpada pendente que lançava sombras aconchegantes, ela mexia a panela com cuidado, experimentando temperos que comprara na mercearia do vilarejo.

Era uma sopa simples, feita com legumes frescos e um punhado de especiarias que não tinha certeza se combinavam. Ainda assim, parecia importante cozinhar algo com as próprias mãos, alg