O sol ainda não tinha rasgado o céu por completo, mas lá dentro…
o quarto já exalava o calor de uma guerra vencida.
Lençóis revirados.
Roupas jogadas como testemunhas silenciosas.
Perfume misturado ao suor.
E no meio de tudo, ele.
Dante Navarro.
Dormindo de bruços, com um braço jogado sobre o travesseiro vazio.
A respiração pesada.
O maxilar relaxado.
O peito subindo e descendo em um ritmo que só um pecado bem cometido consegue causar.
Clara estava ali. De pé.
Vestida outra vez, mas longe de parecer recomposta.
O vestido verde esmeralda ainda exalava luxúria.
A pele estava com um brilho que nenhum iluminador consegue imitar.
E os olhos?
Ah, os olhos…
Diziam que ela tinha vencido.
E com gosto.
Ela caminhou até o banheiro.
Acendeu a luz.
Pegou o batom vermelho da bolsa como quem puxa uma arma.
Abriu o tubo com um clique seco.
E, no espelho, escreveu:
“Obrigada pela noite.
Mas amanhã talvez eu te queira de joelhos.
A calcinha é sua… por enquanto.”
— C.
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