As luzes do salão ainda pulsavam num tom âmbar suave, como se o próprio universo conspirasse por uma última dança.
Clara deslizou a mão pela taça de espumante. Os dedos ainda levemente trêmulos pelo discurso que acabara de ouvir. Ela não sabia exatamente o que Dante tinha visto dentro dela… mas sabia que ele tinha visto.
E pior: não desviou.
— “Posso?” — a voz dele surgiu às costas, rouca, baixa, íntima.
Ela virou o rosto devagar, encontrando o olhar dele. Não era pedido. Era convite. Com selo de promessa.
Ela se levantou sem responder. E estendeu a mão.
Os dois caminharam até o centro do salão como se estivessem sozinhos.
O jazz agora era um bolero moderno, com cordas que arranhavam suavemente a alma.
O espaço entre os corpos? Milimétrico. Quase impróprio.
As mãos dele na cintura dela. As dela no ombro, depois no pescoço.
Os passos lentos, arrastados… como se o tempo tivesse virado líquido sob os pés.
— “Você tá bem?” — ele murmurou, quase sem mover os lábios.
— “Agora?” — ela respon