O som dos monitores cortava o ar em intervalos precisos.

Bip. Bip. Bip.

Cada apito parecia uma lembrança voltando — um golpe, uma voz, uma súplica.

Pedro abriu os olhos devagar, a luz branca o cegando por segundos. O teto liso, as paredes limpas. Por um instante, não entendeu se estava vivo ou se aquele era o purgatório que imaginava merecer.

Tentou mover o braço. A dor veio seca, rasgando os músculos.

Respirou fundo, mas o peito queimava.

Então a voz veio — não uma voz presente, mas um eco, arranhado e cruel, que ainda vivia dentro da cabeça:

> “Quer comer, Pedro? Então fala as senhas.” “Não é difícil. Você só precisa me dar o que é meu por direito.”

O timbre suave de Sophia era uma lâmina disfarçada de seda.

Mesmo no escuro do cativeiro, ela se aproximava com aquele perfume doce demais, os saltos batendo no chão de cimento, e o olhar dele, cansado, tentava fugir sem sucesso.

> “Acha mesmo que seu amor vai te salvar? Rose está morta, Pedro. Você é só o eco de um erro.”

Ele se lembrav