A chuva não cessava desde o fim da tarde.
O vento vinha em rajadas, fazendo as cortinas dançarem diante da janela e espalhando pelo ar aquele cheiro metálico de tempestade antiga.
Rose caminhava pelo corredor em silêncio, descalça, o som dos próprios passos abafado pelo tapete grosso.
Pedro tinha descido para resolver algo com o pai — uma reunião que prometera ser “rápida” e que já durava horas.
Ela não conseguia dormir.
Não depois do que descobrira dias atrás.
A foto.
A dedicatória.
As cartas.
Tudo isso não saía da cabeça.
Foi por isso que acabou voltando ao escritório.
Queria entender o que Pedro não dizia — e, no fundo, o que sua mãe tinha tentado esconder.
A porta estava entreaberta.
O cheiro de madeira, papel antigo e uísque pairava no ar.
Sobre a mesa, um envelope amarelado chamava atenção.
O nome escrito à mão: Helena Almeida.
Rose sentiu o corpo inteiro gelar.
Caminhou até ele, hesitando antes de tocar.
O envelope estava selado, mas a curiosidade venceu o medo.
Abriu com cuida