O silêncio dentro do carro era quase ensurdecedor. Nenhum dos dois falava, e só o som ritmado da chuva batendo contra o vidro quebrava o peso da tensão. A perseguição da noite anterior ainda latejava na memória — as luzes piscando no retrovisor, o barulho seco dos tiros, o cheiro de pólvora misturado ao medo.
Pedro mexia no relógio sem perceber, o pulso ainda trêmulo. A cada vez que o pneu passava por uma poça e o carro balançava, ele lembrava do corpo de Rose sobre o dele, protegendo-o com um instinto quase feroz.
Ela o salvara — de novo. E isso o deixava mais confuso do que grato.
Rose, no banco ao lado, mantinha os olhos atentos ao espelho lateral. O maxilar firme denunciava que ainda estava em estado de alerta. Cada músculo do corpo gritava exaustão, mas ela não admitiria isso nem sob tortura.
— Eles não apareceram mais — disse Pedro por fim, tentando quebrar o silêncio.
— É o que você pensa. — A voz dela saiu fria, profissional. — Gente que quer te matar não desiste só porque per