O dia amanheceu cinzento, como se até o céu soubesse que aquela data tinha um peso que não podia ser ignorado.
Rose acordou antes do alarme, como de costume. Sentou-se na cama, respirando fundo, e encarou a luz mortiça que atravessava as cortinas. O calendário na tela do celular era implacável: mais um ano desde a morte de Will.
Não precisava de lembretes. O corpo sabia. O peito latejava em um ritmo diferente, como se a memória tivesse se entranhado em cada músculo. Era um dia em que ela preferia não falar com ninguém, cumprir o trabalho em silêncio e esperar a noite chegar para que o vazio passasse despercebido.
Vestiu-se com a praticidade habitual — calça preta, camisa simples, cabelo preso em coque firme. Mas, ao encarar o espelho, percebeu as olheiras mais fundas, o olhar mais pesado. Tocou o próprio rosto por um instante, como se quisesse se recompor antes de enfrentar o mundo.
Pedro, no entanto, tinha outros planos.
Já estava acordado há horas, deitado de costas na cama, encaran