A manhã chegou silenciosa, mas carregada. O céu cinzento refletia o clima dentro da cobertura, onde cada sensor novo piscava como um lembrete da ameaça lá fora. Rose estava de pé antes de todos, treinando sozinha no salão. Os golpes firmes contra o saco de pancada ecoavam como batidas de tambor, ritmadas e implacáveis.
Pedro apareceu no batente da porta, apoiado de braços cruzados. Usava apenas uma camiseta branca e calça de moletom escura. O cabelo desalinhado denunciava que tinha acabado de acordar, mas o olhar estava desperto, fixo nela.
— Você treina até dormindo? — ele perguntou, a voz ainda rouca de sono.
Rose não parou o movimento.
— Eu treino para estar viva. Você deveria fazer o mesmo.
Pedro entrou devagar, os passos lentos como se estivesse entrando em território proibido.
— Ontem você me tirou a única coisa que me fazia sentir livre. Agora só me restam quatro paredes e você.
Ela golpeou o saco de pancada com mais força, como se a frase fosse um soco no estômago.
— E isso te