Capítulo 06

— Sabe, amiga, eu acho que tudo isso me deixou muito vulnerável", falei, sentindo a voz embargar. A traição de Andrey já tinha sido um golpe, mas o abandono de Léo tinha me feito questionar a minha própria capacidade de discernir o real do falso.

Bruna, percebendo a minha tristeza, me olhou com uma seriedade que eu raramente via nela. "Amiga, você precisa superar. E o Andrey também é passado." Ela fez uma pausa, o canto da boca se ergueu em um sorriso malicioso. "Quem é o Andrey perto de quem dormiu com o magnata do Léo Montenegro?", ela soltou a frase, arrancando de mim um riso sincero e inesperado.

O riso veio como um alívio, como uma libertação. E, por um momento, a dor e a tristeza foram substituídas pela incredulidade e pelo humor. Bruna tinha razão. O que era Andrey, a dor do passado, perto da confusão de Léo Montenegro? Ela me abraçou, e o abraço dela era o tipo de coisa que a gente precisa quando a vida dá uma rasteira. Ela não tentou minimizar a minha dor, mas me mostrou que a minha história era mais do que a traição de Andrey. Era uma história de superação, de recomeços. E, quem sabe, de um romance com um magnata.

A vida seguiu. A rotina absorveu os dias, e a ironia do meu encontro com o herdeiro magnata foi, aos poucos, perdendo força na minha mente. Não tive mais notícias de Leonardo, e nem procurei. Afinal, qual seria a chance de uma fotógrafa recém-desiludida com um magnata herdeiro que voltou para os negócios da família? Nenhuma.

A vida real não era um conto de fadas. Ele tinha um mundo de negócios e responsabilidades. Eu tinha meu trabalho, minhas amizades e a necessidade de me reerguer, de me reencontrar. Guardei a notícia no fundo de alguma gaveta digital, ao lado das memórias de Andrey e Mary. A vida tinha me ensinado uma lição, e eu aprendi. A vida continuou. E eu também

Passadas quase quatro semanas, a vida, na sua insistente rotina, me empurrou para a frente. A agência me escalou para um evento em São Paulo. Fui contar para Bruna, que, como sempre, tentava me animar.

"— Tá animada, amiga?", ela perguntou, com a voz cheia de expectativa.

"— Tô sim, Bruna. Vai dar pra ganhar uma grana e resolver umas pendências", respondi, a voz mais monótona do que eu gostaria.

Bruna riu, mas a risada não chegou aos olhos. Era uma risada de quem já me conhecia bem demais. "Só pensa em grana", ela retrucou, me provocando.

Em que mais eu poderia pensar, depois de tanta desilusão? A grana, pelo menos, era palpável. Era algo concreto, algo que eu podia controlar. Não me decepcionava, não me abandonava com um bilhete. A grana era a minha nova forma de segurança, a minha nova forma de me sentir no controle. E, naquele momento, era tudo o que eu precisava.

Nós rimos juntas, uma risada que aliviou um pouco a tensão. E então, ela me contou. Ela também tinha sido escalada, mas só viajaria no sábado, ao contrário de mim, que precisava ir na sexta. O motivo: a nossa equipe, formada por mim, Cleo, Fagner e Juliano, precisava ir adiantando o trabalho, enquanto a Bruna ficaria responsável por outras pendências aqui.

A ideia de ter os meus companheiros de fotografia por perto me acalmou um pouco. Pelo menos, eu não estaria sozinha em São Paulo. E, quem sabe, o trabalho me ajudaria a esquecer, por um tempo, a confusão que era a minha vida sentimental.

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