Capítulo. 33 — A noite dos lobos (Parte 1)
A chuva caiu pesada como se o céu tivesse decidido participar. O rádio chiava baixo no escritório, vozes curtas, códigos que eu não entendia e números que provavelmente significavam algo, mas eu não fazia ideia. Nas telas, quatro ângulos da safe house: muro norte, portão, corredor, jardim lateral. As árvores se dobravam no vento. Em cada quadrado do monitor, um pedaço do meu medo.
— Luigi, comigo pelo leste. Diego, circunda pelo galpão — a voz de Enzo saiu firme no rádio. — Trinta metros, respirem. Não dá uma de herói.
Eu odiava e amava a forma como ele comandava. Sem gritos, sem teatro. Ele só dizia, e os outros faziam. O retângulo da câmera dois mostrou três sombras cortando a chuva: Enzo à frente, capuz puxado, a jaqueta colada ao corpo. Os outros dois nas laterais, formando um triângulo que avançava baixo, silencioso.
Vanessa ficou atrás de mim, uma mão no meu ombro. Eu não piscava. Parecia que se eu piscasse, perdia alguma coisa.
— Movimento a oito metros, muro norte — Luigi aviso