Eu sabia que tinha cometido um erro assim que a porta do elevador se abriu e eu saí de lá ainda ofegante, com o gosto de Enzo na boca. Não foi só um deslize, foi praticamente assinar um contrato de risco com letras maiúsculas.
Mas o erro verdadeiro não foi o beijo. Foi o clique da câmera.
Eu passei a noite inteira repetindo o som na minha cabeça. Clique. E se havia algo que a vida já tinha me ensinado era que, quando alguém fotografa algo que deveria permanecer secreto, nada de bom vinha depois.
Na manhã seguinte, eu estava no escritório, tentando parecer produtiva diante de uma planilha que mais parecia escrita em grego, quando meu celular vibrou. Número desconhecido.
Eu deveria ter ignorado. Qualquer pessoa normal ignoraria. Mas eu não sou normal.
Abri a mensagem. Era a foto.
Eu e Enzo. No elevador. Meus braços em volta do pescoço dele. A boca dele colada na minha. O tipo de foto que não tinha espaço para desculpas.
Meus dedos tremeram tanto que quase deixei o celular cair. Outra men